Almanaque Slow Food 2014
Este ano, mais do que nunca, o Almanaque do Slow Food conta o que somos e aquilo que nos tornamos, graças aos projetos concretos que a nossa associação está realizando nos diversos territórios do mundo. Durante o último Congresso internacional, aos projetos foram dados números, representando três grandes objetivos estratégicos: a meta do Slow Food para os próximos anos.
10.000 produtos na Arca do Gosto, ou seja a defesa da biodiversidade, pois não podemos falar de acesso a um alimento bom, limpo e justo para todos se, ao mesmo tempo, a humanidade perder o seu patrimônio de variedades vegetais, raças autóctones e produtos tradicionais.
10.000 hortas na África, ou seja a construção de uma rede do Slow Food na África, com líderes africanos, pois não podemos falar de acesso a um alimento bom, limpo e justo para todos, se não nos preocuparmos com um continente onde são ainda mais evidentes os paradoxos do atual sistema alimentar.
10.000 comunidades do alimento e convivia, ou seja o fortalecimento da rede do Slow Food e Terra Madre, pois não podemos falar de acesso a um alimento bom, limpo e justo para todos, sem o compromisso e a mobilização, em todos os níveis, da associação e de toda a rede do Terra Madre.
O ComTradição identifica-se com a filosofia do SLOWFOOD porque a pratica.
Para ler o manual acesse: http://www.slowfood.com/Almanacco/2014/POR/Almanacco_POR_2014.htmlAlmanaque Slow Food 2013
Este
é o novo Almanaque Slow Food 2013.
Como
todos os anos, procuramos retratar a complexidade
do movimento Slow
Food, reconstituindo-o através de muitos
artigos, imagens e links
interativos que o descrevem de forma mais
completa.
O
Almanaque propõe uma divisão dos
conteúdos, através de "nossos
temas e nossas campanhas", "biodiversidade" e "educação",
exemplificando, com estas três palavras
carregadas de significado,
as centenas de experiências concretas e
cotidianas que
caracterizaram o percurso da nossa rede.
Uma
rede cada vez mais ramificada, criativa, positiva
e consciente, que
comunica constantemente, através de suas
próprias ações, que a
atitude que todos precisamos adotar, diante dos
paradoxos do sistema
alimentar atual, é a
determinação e a capacidade de
provocar
mudanças significativas. Uma rede que nos
ensina que a energia
contida em todos os sorrisos e mãos que
folheiam este Almanaque têm
um potencial enorme e
todos juntos
contribuem para uma transformação:
lenta, porém radical.
O
meu convite, portanto, é para que folheiem
esta publicação para
descobrir todas as ações que a rede
do Slow Food e Terra Madre está
realizando pelo mundo. Ações para
garantir a todos um alimento bom,
limpo e justo, para combater as
distorções de um sistema
hiperindustrializado, que não se preocupa
com o bem-estar das
pessoas nem com a saúde do meio ambiente,
para preservar a riqueza
da biodiversidade, para educar os adultos de hoje
e os de amanhã
para que garantam um futuro melhor, cultivando com
cuidado e com
amor.
Para
ler o Almanaque, clique
aqui.
Carlo
Petrini
Presidente do Slow Food
Presidente do Slow Food
************
"O alimento equivale ao prazer
equivale à consciência
equivale à responsabilidade"
O ComTradição identifica-se com a filosofia do SLOWFOOD porque a pratica.
Para saber o que isso significa leia o Manual do Slowfood disponível em:
http://www.slowfood.com/about_us/img_sito/pdf/Companion08_POR.pdf
Slow Food se espalhou por 150 países
Fundado pelo italiano Carlo Petrini, em 1989, o Slow Food
pretende combater a perda das tradições culinárias. Presente em cerca de 150
países, o movimento defende a biodiversidade, o cultivo dos alimentos de
maneira limpa e melhores recompensas financeiras ao produtor rural.
É preciso pagar
mais para ter uma comida sustentável
CHEF E AUTORA
DOS EUA, QUE VIRÁ A SÃO PAULO EM NOVEMBRO, DEFENDE CONSUMO LOCAL E MELHOR
REMUNERAÇÃO AOS AGRICULTORES
MARÍLIA MIRAGAIA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Vice-presidente
mundial do movimento Slow Food, a chef e autora norte-americana Alice Waters,
68, é um dos maiores símbolos do ativismo na gastronomia.
Tanto em seu
restaurante, o Chez Panisse, em Berkeley, na Califórnia, quanto nas
manifestações que promove, Alice defende o consumo de alimentos locais e
sustentáveis, e melhores pagamentos para os trabalhadores do campo. É preciso,
portanto, pagar mais pela comida, diz ela.
As bandeiras
levantadas pela chef lhe valeram admiradores dentro e fora dos EUA. Em seu
restaurante, fundado em 1971, já recebeu nomes como Bill Clinton e Dalai Lama,
Astor Piazzolla e Francis Ford Coppola.
Alice, que vem ao
Brasil pela primeira vez em novembro para participar do evento Semana Mesa SP,
falou à Folha com exclusividade.
-
Folha - No
Brasil, existem, em geral, longas distâncias entre os consumidores em grandes
cidades e os principais produtores de alimentos. A tendência é que os
ingredientes locais, de pequenas propriedades, sejam mais caros. Como
solucionar esse problema?
Alice Waters - Isso também acontece nos EUA. Acredito
que seja uma problema no mundo todo. É preciso pagar um preço razoável pela
comida. Devemos pagar bem quem cuida da terra pelo trabalho que faz. Isso
significa pagar mais pela comida.
A única solução é ter
critérios para comprar comida para as escolas. Se você comprar de produtores
locais e sustentáveis para as crianças, se elas forem educadas enquanto são
pequenas, vão crescer pensando sobre comida de uma forma diferente.
Esse foi o meu
trabalho nos últimos 18 anos em escolas públicas. É a maneira de alcançar cada
criança: dando a ela algo que é bom e oferecendo suporte a agricultores que
estão fazendo a coisa certa.
Também acho que os
restaurantes, em especial, os mais conhecidos têm a responsabilidade de falar
sobre suas práticas e de aproximar gastronomia e agricultura.
A senhora
construiu uma versão da sua Edible Schoolyard (pátio comestível, em tradução
livre, projeto de educação alimentar com hortas nas escolas), ao lado do
Capitólio, em Washington. Como foi?
Eu tentava quebrar
barreiras. Eu me lembro de que Hillary Clinton (à época, senadora por Nova
York; hoje, secretária de Estado dos EUA) apareceu à mesa de almoço que
montamos ali [uma refeição foi preparada com os ingredientes colhidos]. Eu disse
a ela o que queria: comida de boa qualidade, limpa e justa em todas as escolas.
É possível
comprar alimentos locais em grandes cidades como Nova York e São Paulo?
Deve-se buscar
mercados dedicados exclusivamente ao que é local e que sigam rigidamente a
sazonalidade. Comer o que está disponível em cada estação é importante para a
agricultura local. Além disso, existem muitas hortas em Nova York, em
coberturas de edifícios, escolas.
E muito da comida
consumida em Nova York vem de Nova Jersey, entre uma e duas horas de distância.
Tudo isso é comida
local.
Quando a senhora
começou a acreditar que estimular e amparar agricultores, pescadores e
criadores de animais era parte do seu trabalho?
Quando abri o Chez
Panisse, eu não buscava nenhuma revolução. Fui motivada pelo gosto: eu não
conseguia encontrar os ingredientes que queria para fazer a comida lembrar a
que eu havia experimentado na França.
Por isso, comecei a
procurar alimentos mais saborosos, o que me levou a agricultores e pescadores
sustentáveis. Por isso, também comecei a fazer nosso próprio pão e a cultivar
hortas. Essas conexões e esse modo de preparar alimentos, ligados ao que viria
ser o Slow Food, nasceram espontaneamente de um desejo inspirado pela cultura
francesa.
Nos anos 70,
antes de conhecer Carlo Petrini, fundador do Slow Food, a senhora abriu o Chez
Panisse. As experiências desse período já se assemelhavam ao movimento?
Morei na França
durante a época da faculdade e experimentei um modo de viver que era -em
contraste com os EUA- marcado por tradição, vida em comunidade, agricultura e
atenção aos pequenos prazeres da vida.
Então, quase sem
saber, todas as pequenas decisões pessoais que fiz foi para trazer essa cultura
para Berkeley, que também expressava os valores do Slow Food.
Como define
"comprar de maneira local"?
É um conceito
delicado. Precisa estar nas proximidades: cerca de duas horas. Mas se encontrar
um pequeno produtor bom, mas um pouco mais distante, eu vou comprar dele
também.
Em São Paulo,
feiras com verduras, legumes e frutas ocupam as ruas. Mas, muitas vezes, os
ingredientes vêm de locais a muitas horas de distância. Isso é saudável?
As pessoas precisam
estar atentas ao agricultor. "De onde essa comida vem?". Isso é o
mais importante que tenho dito nos últimos anos: saber a procedência do
produto. Pergunto de onde vem ainda que seja um hambúrguer.
O Chez Panisse
fica em Berkeley, uma cidade com pouco mais de 100 mil habitantes. Um
restaurante como o seu sobreviveria em um grande centro urbano?
É claro. Eu estou
falando de sazonalidade. É uma ideia que esteve com a humanidade desde o começo
da civilização. O mais importante é estar fora do fast food.
Se eu vou a um
restaurante e vejo que o menu é sempre o mesmo, não volto mais lá porque sei
que não é possível encontrar um alimento com a mesma qualidade em todas as
estações do ano.
Entrevista publicada na Folha de São Paulo dia 26/09/2012
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